Queridos alunos e amigos,
Nesta época de Verão e férias, considerando igualmente os dias de LUA CHEIA e LUA NOVA (dias em que o Shala habitualmente encerra), haverão algumas alterações no horário de Agosto. Em semanas de Lua Cheia 🌕 ou de Lua Nova 🌑, o Shala estará encerrado à quinta e sexta-feira (teremos 3 Luas em Agosto!). Nas outras semanas, o Shala estará a funcionar com um horário reduzido. Encontram abaixo os horários de Agosto, segundo as semanas, assim como o novo horário em vigor a partir de Setembro.
EM AGOSTO...
Aproveitando as pausas nos dias de LUA e feriado de 15 de Agosto, o Padma Yoga Shala🌿 ESTARÁ ENCERRADO nos seguintes dias :
- Quinta-feira, 1/08 (Lua Nova 🌑) e Sexta-feira, 02/08;
- Quinta-feira, 15/08 (Lua Cheia 🌕) e Sexta-feira, 16/08;
- Quinta-feira, 29/08 e Sexta-feira, 30/08 (Lua Nova 🌑).
EM SETEMBRO...
A partir de Setembro, haverá uma redução de horários e cada aula será limitada a um número máximo de 12 alunos. Assim, se estiveram ausentes do Padma Yoga Shala🌿 durante os meses de Verão, confirmem previamente por e-mail, a disponibilidade de vagas no horário que pretendem frequentar, antes de regressar. Alguns horários já atingiram a lotação máxima proposta e estão, até que ocorra alguma desistência, encerrados a novas inscrições. A possibilidade de alternar entre horários será também, sempre que possível, limitada a quem trabalhe por turnos e precise de maior liberdade para poder manter a prática. A intenção é manter o bom funcionamento das aulas e a qualidade das mesmas, tanto para os alunos que já frequentam o espaço, como para os que tenham a intenção de se inscrever no futuro. Muito grata pela vossa compreensão.
E, para quem gosta de ler...
“Antes de aprender coisas complicadas,
aprenda a ler as cartas de amor
enviadas pelo vento e pela chuva, a neve e a lua.”
Ikkyu, Mestre japonês de Sadō, 茶道
Apesar de ter feito a sua entrada na minha vida através do āsana (como para a maioria dos praticantes), foi apenas a partir do momento em que as fundações da minha prática pessoal assentaram e criaram raízes na prática dos Yama/Niyama, que pude realizar que a prática de Yoga, não só não está limitada pelo tempo/espaço do tapete, como só faz verdadeiramente sentido quando vivida ao quotidiano.
Um dia, um dos meus professores pediu-me para olhar para os Yama/Niyama de forma concreta, para tentar perceber (e depois expor) de que forma eles estavam presentes na minha vida e na minha prática.
É verdade que o professor pode indicar para onde devemos olhar, mas nós, enquanto alunos, temos que decidir se queremos, ou não, olhar na direcção indicada pelo professor e tentar ver, o que está a tentar mostrar-nos… Ao escolher olhar nessa direcção, permiti que a consciência e a prática dos Yama/Niyama (uns mais fáceis de praticar que outros, alguns continuam a dar-me, cada dia, “pano para mangas” 😂😂😂!!) viesse a generalizar-se a todos os aspectos da minha vida pessoal, familiar, afectiva, profissional, a tudo o que faz parte daquilo que considero “o meu mundo dentro do Mundo” e esse é um momento pelo qual estou extremamente grata, dentro do meu percurso no Yoga.
“Do estudo deve-se passar ao Yoga.
Do Yoga deve-se passar ao estudo.
Pela perfeição no estudo e no Yoga,
a Consciência Suprema se manifesta.
O estudo é um dos olhos com que vemos o Ser.
O Yoga é o outro.”
Viṣṇu Purāṇa, VI, 6.2
Muitas foram as transformações que pude observar na minha vida quotidiana, desde então. Umas subtis, outras bem evidentes, umas mais rápidas, outras apenas ao final de vários anos de prática, outras ainda, só agora começam a despontar (o caminho é, sem dúvida, ainda bastante longo!)… Mas a verdade é que a prática de Yoga acabou por ir alterando aos poucos a minha vida quotidiana, transformando os meus horários, as minhas prioridades, a consciência da minha presença no mundo, revelando o impacto dessa mesma presença, através dos meus pensamentos, palavras e acções e, consequentemente, alterando a minha relação comigo mesma, com os outros, com a Natureza, com o mundo que me rodeia… Essa mudança deve-se não só à prática de āsana, mas também à prática dos Yama/Niyama, fundação do trabalho desenvolvido ao longo dos anos, enquanto aluna, praticante e professora. Tem sido com base nestes valores éticos e morais e nestas regras de conduta pessoal, que recomeço, cada dia (como disse acima, é um trabalho quotidiano e alguns princípios são mais fáceis de colocar em prática que outros…), a lavoura de um terreno fértil, onde a transmissão dos ensinamentos do Yoga possa acontecer, da forma mais harmoniosa possível (quer me encontre na posição do professor, quer me encontre na posição do aluno). Só assentando as fundações da nossa prática de Yoga nos Yama/Niyama, podemos desenvolver de forma estável e saudável, as características necessárias para podermos avançar na via do Yoga.
“Se você não tiver tempo ou disposição para agir
conforme a ética do Yoga, tampouco terá tempo nem atitude para praticá-lo.”
Pedro Kupfer
Os Yama, que correspondem à primeira etapa do Yoga de Patañjali, são os ditos “refreamentos” e determinam o comportamento ético do yogi e deveriam igualmente determinar o comportamento ético dos praticantes de Yoga em geral. A prática dos Yama abrange cinco grandes obrigações éticas e morais que não se aplicam exclusivamente aos yogis, mas que se espera que estes levem à perfeição, o que lhes confere certos poderes ou faculdades extraordinárias. Referem-se ao controle das tendências naturais e instintivas, inerentes a todos os seres vivos, de modo a harmonizar as relações do homem em sociedade e com os seres vivos em geral.
Yogasūtra II.30 अहिंसासत्यास्तेयब्रह्मचर्यापरिग्रहा यमाः॥३०॥ ahiṁsā-satya-asteya brahmacarya-aparigrahāḥ yamāḥ ॥30॥
« Ahiṁsā (não-violência), Satya (a procura da verdade), Asteya(abstenção do roubo e da cobiça), Bramacharya (continência ou castidade) e Aparigrahāḥ (não-possessão ou desprendimento) constituem os Yama.».
Os Niyama, são as regras de conduta ou “observâncias” que constituem a segunda etapa da prática do Yoga. O seu propósito é a organização da vida interior e pessoal dos yogis. Estas observâncias, que devem ser praticadas quotidianamente, permitem eliminar as emoções e pensamentos.
Yogasūtra II.32
शौचसंतोषतपःस्वाध्यायेश्वरप्रणिधानानि नियमाः॥३२॥
śauca saṁtoṣa tapaḥ svādhyāy-eśvarapraṇidhānāni niyamāḥ ॥32॥
« Śauca (purificação), Saṁtoṣa (contentamento), Tapas (esforço sobre si mesmo ou disciplina), Svādhyāya (estudo de si mesmo através dos textos sagrados), Iśvara Praṇidhāna (consagração a Deus ou dom de si mesmo), constituem os Niyama.».
Todos estes princípios estão interligados e são interdependentes, assim, quando os deixamos instalar-se na nossa prática, é normal que todos acabem por estar presentes, dentro e fora do tapete. No entanto, por questões pessoais, alguns vão ter tendência a manifestar-se mais, ou de forma mais fácil, enquanto outros apenas estão presentes quando a prática dos mesmos é consciente, constante e regular e outros parecem-nos completamente impossíveis de praticar. Apesar da maioria destes princípios já fazer parte da minha vida antes de iniciar o estudo e a prática do Yoga, a tarefa que me foi designada pelo meu professor, há tantos anos atrás, permitiu-me tomar consciência deles, dar-lhes um nome e perceber que não são algo que simplesmente acontece. Antes pelo contrário, tal como acontece com todos os outros membros do Yoga, os Yama/Niyama devem ser praticados, aperfeiçoados e estabilizados, tal como preconizado por Patañjali no Yogasūtra I,12, de forma a que o Yoga nos acompanhe ao longo de cada dia, além do Shala, além do tapete, além do āsana.
Yogasūtra I. 12
अभ्यासवैराग्याभ्यां तन्निरोधः॥१२॥
abhyāsa vairāgyābhyām tannirōdhaḥ ॥12॥
« A paragem dos vṛtti – que é o objectivo do Yoga – obtém-se pela prática constante do Yoga, a que se deve juntar o desprendimento, o desapego. »
“We must remember, it is self-examination, not examination of others, which lays the foundation for our spiritual quest.”
Pandit Rajmani Tigunait
A todos aqueles que, quer no papel de professores, quer de alunos, ao longo do meu percurso no Yoga, me foram ajudando a voltar para dentro o meu olhar, a questionar-me e avaliar-me enquanto aluna, praticante e professora de Yoga, a todos os que, ao longo dos anos, através de ideias, críticas ou elogios, me foram servindo de reflexo, me lançaram desafios e, ao mesmo tempo, me deram força para continuar a praticar, a desconstruir crenças e condicionamentos, a procurar a minha verdadeira essência, deixo aqui a minha mais profunda gratidão! Sem vocês, nada disto seria possível!
🙏🌿💚
Bons questionamentos... Boas práticas! Afinal, isto também é Yoga!
Namaste, Rita 🙏🌿💚
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