Queridos alunos 🌱,
Para a semana, entramos no mês de Março 🌸.
Já passou um ano, desde que iniciámos este processo de mudança externa e interna, de transformação imposta e/ou voluntária, de questionamento e auto-questionamento mais ou menos intenso, de confrontação com a maior ou menor influência dos kleśa na nossa vida quotidiana…
Não vivemos todos esta “crise” da mesma forma, como seria de esperar, porque não estávamos todos preparados com as mesmas ferramentas e não temos todos a mesma visão da humanidade, do mundo, da VIDA…
Mas a todos foi oferecida a mesma possibilidade! A possibilidade de olhar para dentro de nós mesmos, de olhar à nossa volta, para os outros e para o mundo que nos rodeia, abrir o nosso coração para tentar perceber melhor o que é verdadeiramente importante para nós, quais são as nossas prioridades, qual é o nosso alinhamento, qual é a energia que queremos que nos anime e o que estamos dispostos a consentir (ou não!) para preservar essa mesma energia e a nossa verdadeira essência.
“Uma das coisas mais difíceis é ser mentalmente são e equilibrado, neste mundo anormal, insano, desequilibrado. Sanidade mental implica não estar prisioneiro das ilusões, não ter nenhuma imagem de si próprio ou de outrem.” Jiddu Krishnamurti
Ao longo de um ano, de forma mais ou menos intensa, de forma mais ou menos consciente, cada um de nós efectuou o percurso que estava disposto a percorrer, à medida que os desafios iam surgindo, à medida que os kleśa se iam activando, regressavam a um estado latente ou eram eliminados definitivamente. Não é fácil lidar com o medo da morte, a repulsa, o apego, o ego e a ignorância, quando estas causas de aflição se encontram plenamente activas, trazendo apenas dor e sofrimento à nossa vida. No entanto, quando conseguimos acalmar a nossa mente ao ponto de os enviar a um estado de latência ou de os eliminar completamente (pelo menos um ou outro, o que já nos facilita consideravelmente a vida…), surge a possibilidade de desenvolver a nossa capacidade de discernimento, de cultivar saṃtoṣa (contentamento), de alcançar a paz interior e mesmo de reconhecer a nossa verdadeira essência, plena, consciente, divina.
O Yoga é uma darśana, um método, um ponto de vista, uma escola de pensamento, um sistema filosófico, uma doutrina de carácter soteriológico, uma forma de alcançar a Libertação do sofrimento inerente à condição humana. O Yoga é União. União entre o corpo, a respiração e a mente. União entre o relativo e o Absoluto. União entre a consciência individual e a Consciência Universal.
“O sucesso do Yoga não deve ser medido por quão flexível o seu corpo se torna, mas sim por quanto ele abre o seu coração.” T.K.V. Desikachar
Claro que podemos escolher ver o Yoga apenas como um exercício físico, uma forma de bem-estar, uma ocasião para usar as leggings da moda ou uma ferramenta para promover a nossa imagem nas redes sociais. Podemos escolher ver o que separa ou diferencia cada método de ensino, cada sequência, cada espaço de prática, cada professor. Podemos escolher emitir julgamentos sobre tudo isso ou sobre nós mesmos face a tudo isso, com base no nosso próprio “ponto de vista” e opinião. Podemos escolher direccionar o nosso olhar para o exterior, para o outro, para o superficial. Podemos escolher chamar-lhe “a” Yoga, apesar de ser uma palavra masculina, em sânscrito. Podemos escolher fazer uso de apenas uma parte do método, para tentar colocar os pés atrás da cabeça. A escolha é nossa e apenas nossa, enquanto praticantes, enquanto alunos ou enquanto professores. É da nossa inteira responsabilidade, escolher a intensidade da nossa dedicação e de que forma nos entregamos ao estudo, à prática ou à partilha do Yoga. É da nossa inteira responsabilidade, escolher de que forma depositamos a nossa confiança no método, no espaço e mesmo no professor que escolhemos para nos auxiliar ao longo do percurso, a remover os véus da ilusão e da ignorância, de acordo com as nossas prioridades e possibilidades actuais.
No final, no Yoga, como na Vida, é tudo uma questão de escolha, segundo o nosso livre-arbítrio. O mais importante é escolher em consciência, sem nunca esquecer que quando escolhemos entre uma coisa e outra (seja uma filosofia de vida, um alinhamento com valores mais elevados, um método para o auto-conhecimento, um espaço de prática, um professor cuja vibração ressoe com a nossa ou qualquer outra coisa na nossa vida…), num momento ou noutro, seremos sempre confrontados ao desapego e ao karma.
Depois de um ano inteiro de mudanças e transformações profundas, de escolhas que podem parecer radicais ou ser incompreendidas, mas que me aproximam cada vez mais da minha verdadeira essência e da minha missão de vida, nesta fase de bifurcação, em que o nosso futuro, por muito incerto que nos possa parecer, se encontra nas nossas mãos e depende exclusivamente de nós, eu volto a escolher a União, o Yoga, o Aṣṭāṅgayoga, com os seus oito membros. Nesta escolha ponderada e consciente, está implícito igualmente o “abrir mão” de tudo o que não esteja perfeitamente alinhado com a mesma (desapego), assim como a aceitação plena das consequências que ela implica (karma)!
“Saber escolher, com sabedoria, em que situação nos vamos colocar, é uma dessas lições de vida que só se aprendem com o tempo e a experiência.” Myla & Jon Kabat-Zin
Os Yama (não-violência [ahiṃsā], verdade [satya], não-roubar [asteya], contenção [brahmacarya] e não-possessão [aparigraha]), são os princípios éticos e morais que, juntamente com os Niyama(observâncias - purificação [śauca], contentamento [saṃtoṣa], esforço sobre si mesmo [tapas], estudo de si mesmo através dos textos sagrados [svādhyāya] e a fé ou confiança em Īśvara, na Consciência Universal ou no Universo [īśvarapraṇidhāna]), constituem a base e as fundações do Yoga. A estes dois membros, vêm juntar-se Āsana (postura), Prāṇāyāma (disciplina do sopro e expansão da energia vital), Pratyāhāra (recolhimento dos sentidos), Dhāraṇā (concentração), Dhyāna (meditação) e Samādhi(compreensão da existência e comunhão com o Universo). Para alcançar o samādhi (o único membro do Yoga que surge naturalmente), todos devem ser praticados com a mesma regularidade, zelo e dedicação.
E isto sim, é Aṣṭāṅgayoga, o Yoga de Patañjali.
Qualquer pessoa pode praticar. Uma pessoa jovem pode praticar. Uma pessoa velha pode praticar. Uma pessoa muito velha pode praticar. Uma pessoa que está doente, pode praticar. Uma pessoa que não tem força pode praticar. Exceto as pessoas preguiçosas; as pessoas preguiçosas não podem praticar Ashtanga Yoga. K. Pattabhi Jois
Porque estamos em Março e a Newsletter de Março do ano passado continua perfeitamente actual, apesar de tudo o que vivemos ao longo do último ano, recomendo-vos a sua leitura. Espero que possa inspirar-vos a encontrar a coragem necessária para que possam fazer em consciência as vossas próprias escolhas e, quem sabe, RECOMEÇAR tudo de novo…
... em MARÇO!
Em Março, todas as aulas passam a ser dadas em Mysore Style.
As aulas em Mysore Style são a forma tradicional de praticar Ashtanga Yoga. São aulas de grupo adaptadas a todas as pessoas, independentemente do nível de experiência, onde cada aluno trabalha ao seu próprio ritmo e é acompanhado individualmente pelo professor, tornando-se assim mais adaptadas aos iniciantes.
Às segundas e quintas-feiras à tarde, passaremos a ter dois turnos. O primeiro turno começa às 17h30 e o segundo tem início a partir das 18h30. À medida que as alunas do primeiro turno começarem a sair e houver vaga na sala, convidarei as alunas do segundo turno para entrar na sala de prática. Podem aguardar nas escadas ou na entrada, mas por favor mantenham o SILÊNCIO, enquanto esperam.
Às quartas-feiras, vamos continuar com as nossas Reflexões, Conversas e Práticas informais online sobre os mais diversos temas em relação com o Yoga e a Espiritualidade, animadas pela inspiração e necessidade energética do momento e sempre de acordo com o Dharma, respeitando assim a Ordem Cósmica. Estes momentos de partilha continuam a ser gratuitos e reservados aos alunos do 🌱Padma Yoga Shala e têm como objectivo sustentar e complementar a prática de Yoga ao quotidiano, além do tapete.
Este mês, o Shala não encerra, pois
a LUA NOVA 🌑 é no sábado, 13/03/21
e a LUA CHEIA 🌕 é no domingo, 28/03/21.
Recomenda-se descanso da prática de āsana, nestes dois dias.
Para festejar o Equinócio de Primavera, que este ano é no sábado, 20 de março de 2021, às 09h37, proponho que façamos novamente uma sequência de 108 Sūryanamaskāra com mantras, segundo a tradição de Śrī Śrī Śrī Satchidananda Yogi, o Yogi silencioso de Madras, se estiverem interessados em repetir a experiência. Se estiver bom tempo, podemos fazer ao ar livre, como fizemos no Solstício de Verão, se as condições climatéricas não o permitirem, podemos fazer no Shala. Depois logo me dizem se estão interessados...
ॐ असतो मा सद्गमय । तमसो मा ज्योतिर्गमय ।
मृत्योर्मा अमृतं गमय । ॐ शान्तिः शान्तिः शान्तिः ॥
oṁ asato mā sad gamaya । tamaso mā jyotir gamaya ।
mṛtyor mā amṛtaṁ gamaya । oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ ॥
Oṁ
Possamos nós ser conduzidos da ilusão para a verdade.
Possamos nós ser conduzidos da escuridão para a luz.
Possamos nós ser conduzidos da morte para a imortalidade.
Que haja Paz, Paz, Paz.
Desejo um excelente mês de Março para todos vós!!https://www.padmayogashala.com/post/newsletter-março-2020 Com todo o meu amor e carinho, desejo-vos coragem, bons questionamentos (hoje e sempre) e boas práticas… Dentro e fora do tapete! Para que um dia, possamos ver no mundo, a mudança que ocorre em nós através do Yoga!
Namaste, 🙏💚🌿 Rita
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